terça-feira, 15 de março de 2011

Democratas faz hoje sua convenção para eleição dos novos dirigentes. Kassab anunciará sua saída e a fundação de novo partido

Por Tiago Monteiro Tavares:

O dia de hoje será um importante marco para o Partido Democratas que fará em Brasília sua convenção para escolher os novos dirigentes da agremiação. O Democratas sofre uma crise interna em disputas encabeçadas pelos seus políticos de quadros e caciques que há anos dominam o partido.

O clima é de muita ansiedade, pois existem muitas alas insatisfeitas e a dissidência da sigla promete aumentar. O grande destaque que se espera é o discurso do Prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, que anunciará sua saída do partido e a fundação de um outro partido. A nova legenda deve se chamar Partido Democrático Brasileiro (PDB) ou Partido Social Democrata (PSD), ainda há divergências quanto ao nome. Aliados de Kassab também devem deixar o partido, mas a mudança de legenda não deve ser feita toda de uma vez, para não enfraquecer a imagem do DEM.

O atual presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ) deixará o cargo e assumirá o senador José Agripino Maia (RN) na presidência da legenda, sua missão será unificar o partido novamente.

Histórico do PFL, hoje Democratas, estratégia deve continuar:

Extraído do Ex-Blog do César Maia

No início dos anos 90, o PFL e o PP da Espanha estabeleceram uma parceria estratégica em relação à dinâmica partidária. O foco da mesma era o caminho ao Centro. O PP vinha da Falange franquista, e esse caminho foi muito mais penoso. Esse caminho foi percorrido com diversas oscilações, depurações e aglutinações, que partiram de um partido quase único (como a Arena aqui), em direção a um partido majoritário. Em 1982, o PSOE (como o PT daqui) elegeu 202 deputados, de 350. Isso produziu um ciclo de 14 anos, dentro do qual o PP foi enraizando a sua estratégia. Ali, ocorreu debacle eleitoral.

O PP, com esta denominação, foi fundado em 1989. A Aliança Popular, seu nome anterior, obteve 8,2% dos votos e 16 deputados em 1977. Apenas em 1996 o PP vence as eleições nacionais. Um longo trajeto de aglutinações, exclusões, derrotas e fortalecimento. Três foram as virtudes principais para chegar ao poder: acreditar na estratégia proposta, ser persistente e ser paciente.

Em 1990, parte do PFL terminou mergulhando no pantanal do governo federal. Em 1995, recupera prestígio fazendo a gestão política do governo federal, elegendo o presidente da câmara de deputados. Em 1995, o presidente do PFL -condutor desta estratégia- atraiu para essa proposta de construir um partido de Centro, o prefeito do Rio e o governador do Paraná. Em 1999, numa longa reunião com dirigentes nacionais do PFL, em Madrid, Ariola, consultor do presidente do PP, aconselhava que o PFL não tivesse objetivos eleitorais para presidente por alguns anos e que se fixasse no caminho ao Centro.

Mas as pesquisas terminaram alterando essa estratégia em 2002 e em 2006, com consequências significativas. Em 2002, sem ter candidato a presidente, após a renúncia de sua candidata, o PFL se dividiu. Cada liderança regional definiu seu apoio. Em 2006, com atraso de vários meses, e açodamento em lançar candidatura, o PFL terminou se dividindo na escolha do candidato a vice, debilitando sua participação. O derrotado na época será o presidente do DEM, agora.

Em 2003, foram tomadas decisões importantes em relação àquela estratégia. O PFL adotaria um nome que denotasse seu compromisso com o Centro, e mudaria o programa. Por isso, o Congresso de 2004 foi chamado de Refundação e seu novo programa afirma esses compromissos. E não há nada a ser retocado. Em 2003 foram tomadas decisões de renovação, começando pela liderança na câmara de deputados, processo que se mantém inalterado até hoje com a escolha do líder em 2011. Em dezembro de 2007 veio a mudança geracional, coerentemente com a proposta do PP.

Algumas das lideranças anteriores saíram do partido no início desse processo, com destaque para o líder, por muitas vezes, na câmara de deputados. Essa era uma dinâmica anunciada. O fortalecimento viria após um ciclo dietético, onde os sinais da Arena iriam desaparecendo, o que produziria uma perda de gordura, construída ainda nos anos de chumbo. O hábito faz o monge, diz o povo. Não são simples e nem de curto prazo, ajustes, especialmente os político-ideológicos.

A Convenção deste 15 de março de 2011 é o momento fulcral em que o DEM culmina esse processo e com a mesma estratégia e com mais integridade e unidade, acelera o passo na direção do que havia proposto desde o início dos anos 90. Os percalços eram inevitáveis, como o foram no PP.

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