Do Blog de César Maia:
1. A vitória de Obama e a expansão do acesso a internet produziram nos candidatos de todos os níveis às eleições de 2010 no Brasil a sensação de terem alcançado sem esforço, a fórmula mágica para conquistar os votos que precisam. Esse é um enorme risco, especialmente para os iniciantes. O caso Obama deve ser bem analisado. O uso espetacular do sistema de redes que fez, só foi eficaz após a quebra do Lehman Brothers e o pânico da crise que ocorreu simultaneamente na sociedade norte-americana. Aí passou a valer seu slogan: 'Sim, nós podemos'.
2. É verdade que a "audiência" na internet, em todos os subsistemas somados, é hoje maior que a "audiência" dos meios de comunicação com todos os tipos de veículos somados. Mas há uma enorme diferença: os meios de comunicação relevantes são um punhado que alcançam milhões de pessoas. Um cone invertido. Na internet os emissores são milhões para atingir igualmente, milhões de pessoas: um quadrado. No caso da comunicação política, de alcance de interesse restrito, é ainda mais complexo. É como procurar uma mochila lançada por um avião no meio de uma floresta densa.
3. Na internet, o universo da comunicação política é reiterativo, como um círculo quase fechado, onde as informações são trocadas entre os interessados, militantes, jornalistas... Como fazer a comunicação sair desse circulo de fogo, alcançar os eleitores e retornar com a opinião deles é um processo que exige técnica, experiência e paciência. Da mesma forma, abrir este círculo de fogo para entrar a opinião dos eleitores e interagir com ela.
4. Em geral, os políticos usam a internet com a mesma lógica de um meio de comunicação tradicional, ou seja, unilateralmente, apenas em um sentido, do emissor ao receptor. Isso significa muito pouco, pois a riqueza da internet está na possibilidade de todos produzirem conteúdo. O internauta não é mais um eleitor apenas dos 90 dias da campanha. Esse exercício de livre crítica ele faz todos os dias, e não só na campanha.
5. Incorporá-lo na busca de votos, não é entregar um panfleto eletrônico, mas um exercício de silogismo, estimulando a dedução por impulsos que não sejam óbvios. Incorporá-los é operar alguns subsistemas que abram as portas ao eleitor e que essa interação seja pessoal. Assessores fingindo que são o candidato respondendo, são facilmente percebidos pelos eleitores internautas.
6. A comunicação política via internet só tem valor quando é uma via de mão dupla, individual, pessoal. O eleitor da mesma forma não é massificável. E fazer comunicação capilar como comunicação de massa é não mudar nada. Os 'formadores de opinião' que imaginam que são produtores de conteúdo para os demais, sem levar em conta a recíproca, não formam opinião nenhuma.
7. Por tudo isso, o melhor para quem quer votos via internet é pedir que aqueles que operam na internet -estejam ou não no mundo político- possam falar sobre essa nova mídia. Os cursos de marketing político -que proliferam nas campanhas- deveriam destacar um dia pelo menos, só para tratar do tema.
1. A vitória de Obama e a expansão do acesso a internet produziram nos candidatos de todos os níveis às eleições de 2010 no Brasil a sensação de terem alcançado sem esforço, a fórmula mágica para conquistar os votos que precisam. Esse é um enorme risco, especialmente para os iniciantes. O caso Obama deve ser bem analisado. O uso espetacular do sistema de redes que fez, só foi eficaz após a quebra do Lehman Brothers e o pânico da crise que ocorreu simultaneamente na sociedade norte-americana. Aí passou a valer seu slogan: 'Sim, nós podemos'.
2. É verdade que a "audiência" na internet, em todos os subsistemas somados, é hoje maior que a "audiência" dos meios de comunicação com todos os tipos de veículos somados. Mas há uma enorme diferença: os meios de comunicação relevantes são um punhado que alcançam milhões de pessoas. Um cone invertido. Na internet os emissores são milhões para atingir igualmente, milhões de pessoas: um quadrado. No caso da comunicação política, de alcance de interesse restrito, é ainda mais complexo. É como procurar uma mochila lançada por um avião no meio de uma floresta densa.
3. Na internet, o universo da comunicação política é reiterativo, como um círculo quase fechado, onde as informações são trocadas entre os interessados, militantes, jornalistas... Como fazer a comunicação sair desse circulo de fogo, alcançar os eleitores e retornar com a opinião deles é um processo que exige técnica, experiência e paciência. Da mesma forma, abrir este círculo de fogo para entrar a opinião dos eleitores e interagir com ela.
4. Em geral, os políticos usam a internet com a mesma lógica de um meio de comunicação tradicional, ou seja, unilateralmente, apenas em um sentido, do emissor ao receptor. Isso significa muito pouco, pois a riqueza da internet está na possibilidade de todos produzirem conteúdo. O internauta não é mais um eleitor apenas dos 90 dias da campanha. Esse exercício de livre crítica ele faz todos os dias, e não só na campanha.
5. Incorporá-lo na busca de votos, não é entregar um panfleto eletrônico, mas um exercício de silogismo, estimulando a dedução por impulsos que não sejam óbvios. Incorporá-los é operar alguns subsistemas que abram as portas ao eleitor e que essa interação seja pessoal. Assessores fingindo que são o candidato respondendo, são facilmente percebidos pelos eleitores internautas.
6. A comunicação política via internet só tem valor quando é uma via de mão dupla, individual, pessoal. O eleitor da mesma forma não é massificável. E fazer comunicação capilar como comunicação de massa é não mudar nada. Os 'formadores de opinião' que imaginam que são produtores de conteúdo para os demais, sem levar em conta a recíproca, não formam opinião nenhuma.
7. Por tudo isso, o melhor para quem quer votos via internet é pedir que aqueles que operam na internet -estejam ou não no mundo político- possam falar sobre essa nova mídia. Os cursos de marketing político -que proliferam nas campanhas- deveriam destacar um dia pelo menos, só para tratar do tema.
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