1. A aliança política com vistas à disputa eleitoral é matéria de estudos pela politicologia. Desde a segunda metade do século 19 o final do século 20, as alianças eram, em geral, construídas a partir de programas, e divulgadas pelos partidos. O debate prévio se desenrolava por meses. Esse processo nem sempre foi assim. Algumas vezes se estabelecia uma aliança por proximidade política, com a expectativa de que no processo se construiria um programa.
2. No Brasil, nos últimos anos, e 2010 é um caso exemplar, todas as alianças políticas se fazem por proximidade. Nenhuma é construída a partir de programas convergentes e divulgados. Na biografia de Bismarck (primeiro-ministro alemão de 1862 a 1890), Emil Ludwig narra algumas passagens em que essa disjuntiva é explicitada. Uma delas quando Bismarck (47 anos) era embaixador da Prússia em Paris, poucos antes de assumir como primeiro-ministro.
3. Num encontro com o imperador Napoleão 3º (54 anos), no palácio de Fontainebleau, este indagava se a Prússia estaria disposta a "concluir uma aliança comigo" e como era o clima em relação a ele. Bismarck diz que "as prevenções de opinião pública contra a França quase desapareceram e que os sentimentos do rei em relação ao imperador são os mais amistosos". Mas afirma que "as alianças, nas circunstâncias atuais, só podem ser frutuosas se são úteis e necessárias". E sublinha que "toda aliança requer um motivo e um fim".
4. Napoleão 3º replica, dizendo que "isso nem sempre é justo, pois as potências mantêm relações mais ou menos amistosas". Afirma: "Diante de um futuro incerto, deve-se dar uma direção à confiança". E conclui: "Seria um grande erro traçar um caminho para os acontecimentos, pois estes vêm por si mesmos, sem que possamos calcular a sua força e a sua direção".
5. Chamado com urgência de volta a Berlim, Bismarck é convidado a assumir a função de primeiro-ministro devido à crise política, produto de um impasse entre o rei e o Legislativo. Com sua experiência de ex-deputado, busca no Legislativo os elementos de concessões recíprocas de forma a garantir o fundamental das propostas do rei.
6. Mas, ao negociar com o bloco de oposição, vê a dificuldade de avançar: "Neste momento, esses senhores não estão de acordo nem quanto aos motivos pelos quais se unem. Daí nasce a querela. E se machucam "con amore", o que é próprio da profissão".
7. No ano político de 2010, aqui no Brasil, nacional e regionalmente valem as duas máximas. A de Napoleão (aliar-se e depois dar direção à aliança) e a de Bismarck (eles não sabem por que estão juntos).
As eleições desse ano serão marcadas pelo domínio do marketing, claro que voltado a arena eleitoral. A questão das alianças constitui-se dois fatos, no primeiro, direcionado a massificação em busca do "tímido" ou eleitor que age como multiplicador, nesse artigo identificado com a posição de Napoleão, no segundo, completamente inverso, ou seja, na desconstrução do discurso de convergência, ligado a posição de Bismarck. O fato interessante e mesmo intrigante constitui-se no fim a ser atingido, exatamente o mesmo, mas que é delineado por trajetórias inversas. Moral da história: tanto Serra quanto Dilma estão de olhos abertos com relação as alianças. Ambos buscam a vitória, a diferença está na antagônica construção de alianças, Dilma (ou melhor Lula) está com Napoleão e Serra com Bismarck. Fica a pergunta: Poderá Bismarck desafiar Napoleão?
2. No Brasil, nos últimos anos, e 2010 é um caso exemplar, todas as alianças políticas se fazem por proximidade. Nenhuma é construída a partir de programas convergentes e divulgados. Na biografia de Bismarck (primeiro-ministro alemão de 1862 a 1890), Emil Ludwig narra algumas passagens em que essa disjuntiva é explicitada. Uma delas quando Bismarck (47 anos) era embaixador da Prússia em Paris, poucos antes de assumir como primeiro-ministro.
3. Num encontro com o imperador Napoleão 3º (54 anos), no palácio de Fontainebleau, este indagava se a Prússia estaria disposta a "concluir uma aliança comigo" e como era o clima em relação a ele. Bismarck diz que "as prevenções de opinião pública contra a França quase desapareceram e que os sentimentos do rei em relação ao imperador são os mais amistosos". Mas afirma que "as alianças, nas circunstâncias atuais, só podem ser frutuosas se são úteis e necessárias". E sublinha que "toda aliança requer um motivo e um fim".
4. Napoleão 3º replica, dizendo que "isso nem sempre é justo, pois as potências mantêm relações mais ou menos amistosas". Afirma: "Diante de um futuro incerto, deve-se dar uma direção à confiança". E conclui: "Seria um grande erro traçar um caminho para os acontecimentos, pois estes vêm por si mesmos, sem que possamos calcular a sua força e a sua direção".
5. Chamado com urgência de volta a Berlim, Bismarck é convidado a assumir a função de primeiro-ministro devido à crise política, produto de um impasse entre o rei e o Legislativo. Com sua experiência de ex-deputado, busca no Legislativo os elementos de concessões recíprocas de forma a garantir o fundamental das propostas do rei.
6. Mas, ao negociar com o bloco de oposição, vê a dificuldade de avançar: "Neste momento, esses senhores não estão de acordo nem quanto aos motivos pelos quais se unem. Daí nasce a querela. E se machucam "con amore", o que é próprio da profissão".
7. No ano político de 2010, aqui no Brasil, nacional e regionalmente valem as duas máximas. A de Napoleão (aliar-se e depois dar direção à aliança) e a de Bismarck (eles não sabem por que estão juntos).
As eleições desse ano serão marcadas pelo domínio do marketing, claro que voltado a arena eleitoral. A questão das alianças constitui-se dois fatos, no primeiro, direcionado a massificação em busca do "tímido" ou eleitor que age como multiplicador, nesse artigo identificado com a posição de Napoleão, no segundo, completamente inverso, ou seja, na desconstrução do discurso de convergência, ligado a posição de Bismarck. O fato interessante e mesmo intrigante constitui-se no fim a ser atingido, exatamente o mesmo, mas que é delineado por trajetórias inversas. Moral da história: tanto Serra quanto Dilma estão de olhos abertos com relação as alianças. Ambos buscam a vitória, a diferença está na antagônica construção de alianças, Dilma (ou melhor Lula) está com Napoleão e Serra com Bismarck. Fica a pergunta: Poderá Bismarck desafiar Napoleão?
Aê Tiago,cuidado com o César Birutex Maia, heim? Ele usava casacão de couro no verão do Rio pra se refrescar, queria que o Rio tivesse horário de verão o ano inteiro, e por aí vai. E é pai do Robrigo Birutox Maia, o nerd de araque que ia revolucionar o DEM, ora em extinção. Perto deles, não tem pro Bismarck, nem pro pobre Napoleão, com o qual, aliás, qualquer dia pai e filho poderão começar a se vestir igual, rs, rs, rs.
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