quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Liderança de Aécio deixa a desejar, reclama oposição

Do blog do Josias de Souza, da Folha, comentário meu:

Há um ano, Aécio Neves era celebrado como grande promessa da oposição. Hoje, tornou-se um nome duro de roer. Tucanos e aliados viam nele a melhor opção presidencial. Passaram a enxergá-lo como a pior decepção da temporada.

Em qualquer roda de políticos ficou fácil reconhecer um oposicionista: é o que está lamentando a popularidade de Dilma Rousseff e falando mal de Aécio Neves. Nas discussões sobre 2014, o senador mineiro é personagem indefeso.

Para perscrutar as razões do desencantamento com Aécio, o blog ouviu cinco lideranças da oposição. Gente do PSDB, do DEM e do PPS. Um dissidente de legenda governista. O compromisso do anonimato destravou-lhes a língua.

Espremendo-se as opiniões e peneirando-se os exageros, obtem-se um sumo uniforme. A desilusão dos oposicionistas assenta-se em três avaliações comuns:

1. A atuação de Aécio em seu primeiro ano de Senado foi apagada. Algo incompatível com a biografia de um ex-presidente da Câmara. Ele não aconteceu, disse um dos entrevistados, no melhor resumo do sentimento que se generaliza.

Como assim? Quando Itamar Franco era vivo, a voz de Minas no Senado era a dele, não a de Aécio. O grande feito de Aécio no Senado foi a relatoria do projeto que redefine o rito das medidas provisórias. Proposta do Sarney, não dele. É pouco.

2. Dono de estilo acomodatício, Aécio é uma espécie de compositor da política. Compõe com todo mundo. Governou Minas com o apoio de partidos que, no Congresso, davam suporte a Lula. Em Brasília, o espírito conciliador, por excessivo, foi tomado como defeito.

Aécio exagerou, queixou-se um ex-entusiasta do senador. Esmiuçou o raciocínio: no afã de atrair para o seu projeto pedaços insatisfeitos do bloco pró-Dilma, Aécio esquece que a oposição deve se opor. É improvável que ganhe aliados novos. E está perdendo os antigos.

3. Imaginou-se que, livre dos afazeres de governador, que o prendiam a Minas, Aécio viraria rapidamente um personagem nacional. Por ora, nada. Por quê? A projeção exigiria dedicação e ampliação do horizonte temático, palpita um dos queixosos.

Mas Aécio não é um obcecado pelo Planalto? Sim, mas revelou-se pouco aplicado e esquivou-se das polêmicas. Viajou pouco. No Senado, não foi dos mais assiduous em plenário. Subiu à tribuna só de raro em raro. No geral, esquivou-se das polêmicas.

O critico citou um exemplo: PSDB e DEM decidiram quebrar lanças contra a DRU, o mecanismo que permite ao governo dispor livremente de 20% do Orçamento. Entre os tucanos, apenas cinco votaram contra. Aécio não estava entre eles.

Ninguém vira alternativa presidencial fugindo dos temas espinhosos, lamuriou-se um expoente do próprio PSDB. Aécio continua sendo alternativa graças à vontade pessoal e à ausência de um sucedâneo. A sorte dele e que a maioria do partido não suporta o José Serra.

Parte da cúpula do PSDB tenta antecipar para depois da eleição municipal de outubro a definição do nome do presidenciável da legenda. Em âmbito interno, a aversão a Serra faz de Aécio um favorito.

Fora daí, é visto pela própria oposição como uma ex-promessa. Uma liderança que se absteve de acontecer. Um candidato que depende do fortuito para livrar-se da condição de favorito a fazer de Dilma uma presidente reeleita.

Meu Comentário:

De fato, a atuação de Aécio Neves não foi das melhores em 2011. Recordando sua atuação ampla quando na Presidência da Câmara dos Deputados e a visão de gestor competente em Minas nos oito de seu governo, não se reconhece a atuação amena no Senado em 2011, nem como oposição, nem com aliado à situação.

A explicação pode estar na estratégia interna do PSDB, mais especificadamente na ala pró-Aécio. Destacar a liderança do senador nesse momento pode colocar em cheque a viabilidade de seu, aparente, favoritismo quanto candidato do PSDB a disputar à presidência. Isso porque ele passaria a ser o alvo da artilharia governista e no atual cenário de relativa desunião da oposição pode minar de vez as forças resistentes.

Na outra ponta temos um cenário capcioso onde a visão não é partidária ou interna, mas aquela que a sociedade pode absorver: “quem não discorda, concorda” ou “quem cala consente”!

Independente da posição do cidadão em ser favorável ou não ao governo, o raciocínio que predomina é de que se fulano não é aliado, que seja o “do contra”, caso contrário, permanece no esquecimento.

Portanto, a estratégia Aecista pode estar em sintonia partidária, mas se quiser mobilizar as massas precisará de atuação mais incisiva no sentido de liderar as demandas, os anseios, seja eles bons ou ruins, sem medo de se tornar alvo ou atirador.

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