terça-feira, 23 de agosto de 2011

A primeira - e talvez única - semana do PR como "independente"

Da Consultoria Arko Advice, veiculado pelo Blog do Noblat, comentário meu:


O presidente nacional do PR e ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, anunciou na terça-feira da semana passada que o seu partido assumiria, a partir daquele dia, uma postura de independência em relação ao governo. Em discurso na tribuna do Senado, declarou que os cargos ocupados pela legenda estão à disposição da presidente Dilma.


Na Câmara, aconteceram quatro votações nominais na semana passada, todas relacionadas à MP 532. O PR apresentou percentual de adesão de 50%; 18,29% votaram contra o Planalto; 28,65% estavam ausentes; e 3,04% se abstiveram.


Na votação de um destaque do PSDB, por meio do qual os tucanos queriam excluir do texto todas as mudanças feitas pela MP na estrutura dos Correios, 73,17% dos deputados do PR votaram contra o Planalto.


Mas vale lembrar que o PDT, partido da base, tinha destaque com o mesmo objetivo que o do PSDB. E o partido do ministro Carlos Lupi também apresentou elevado índice de dissidência em relação ao governo (44,44%).


Já no Senado, houve votação nominal referente ao PLC 116/10 (novas regras para TV por assinatura). Dos seis senadores do PR presentes à votação, quatro (inclusive Alfredo Nascimento) votaram contra o Planalto. Ou seja, 66,66% da bancada.


De acordo com levantamento da Arko Advice, a média de apoio do PR ao governo Dilma no primeiro semestre do ano foi de 61,02% na Câmara. Acima, portanto, dos 50% da semana passada. No Senado, a média foi de 65,16%.


Na primeira semana como “independente”, é possível perceber que o PR quis mandar um recado para o Planalto. A mensagem foi mais suave na Câmara que no Senado. Isso mostra também que há uma divisão entre as bancadas da legenda nas duas Casas.


Depois de se reunir com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), disse que o governo quer que seu partido volte a integrar a base aliada. Portela contou que a proposta precisa ser discutida com as várias instâncias do partido, com a executiva, os deputados e os senadores.


Visivelmente, o partido não quer sair da base. Pelo menos por enquanto. Afinal, ainda preserva um bom espaço. E o governo, pelo seu lado, precisará do PR. Especialmente para aprovar a DRU. Haverá entendimento.

Meu Comentário

A coalisão governista ainda não conseguiu uma consonância perfeita na relação com o Congresso. Com ampla base, mesmo que, a priori, insatisfeita, o entendimento é uma questão de concessão do Executivo.

Liberando os recursos das emendas parlamentares ao orçamento da União e flexibilizando um pouco mais o orçamento dos Ministérios dos partidos mais próximos como PR, PDT, PMDB e PSB a conversa tende a caminhar para o entendimento.

A afinação da Ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, com o Congresso é mais delicada, mas somando-se a concessão do Executivo resulta em jogo de soma zero. Portanto, mesmo que o PR venha a continuar “independente” o Governo não terá dificuldades no Congresso, a menos que decida pela inflexibilidade orçamentária.

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