terça-feira, 5 de julho de 2011

Dilma escolhe novo líder do Governo no Congresso e tenta oxigenar relações com a base

Informações da Agência Câmara:

A Presidente Dilma Rousseff resolveu dar uma oxigenada nas relações com o Congresso Nacional. Na última sexta feira (01/07) ela escolheu o novo líder do governo no Congresso Nacional, o deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS). O cargo estava vago desde o início do atual governo.

Embora o Executivo já conte com líderes de Governo na Câmara, deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) e no Senado, senador Romero Jucá (PMDB-RO), a Presidente optou por reforçar o time nomeando Mendes Ribeiro Filho para iniciar uma nova tentativa de reacionamento com o Congresso: o diálogo.

Embora pareça questão antiga, o governo tem adotado posturas mais duras e os líderes não estão conseguindo travar um diálogo sem embates e que assegure o amplo apoio da base aliada as questões prioritárias e as diretrizes do Executivo. Para solucionar o problema Dilma optou por trocar a chefia das Relações Institucionais, assumida recentemente por Ideli Salvatti e, agora, ampliar o canal de comunicação das bancadas com o governo nomeando o líder do Governo no Congresso.

Mendes Ribeiro elegeu como sua principal missão ouvir e buscar o entendimento dos parlamentares. Segundo o líder, a presidente pediu a ele que trabalhe muito e tenha paciência. Disse ser contrário a se colocar em votação “alguma coisa que possa vir a ser rejeitada”.

Perfil
Jorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho ingressou na vida pública em 1974, como militante do MDB, tendo sido vereador em Porto Alegre, três vezes deputado estadual no Rio Grande do Sul e exerce o quinto mandato consecutivo na Câmara dos Deputados.

Meu Comentário

A escolha de Dilma agrada o PMDB e soluciona, a princípio, as divergências que o partido vinha tendo com relação ao acesso ao Governo. É uma alternativa para criar novos caminhos de interlocução com os parlamentares e ir substituindo, aos poucos, Vacarezza e Jucá como os grandes interlocutores do Governo.

Confira a entrevista do deputado Mendes Ribeiro Filho à Agência Câmara.

Agência Câmara - O governo anunciou nesta semana a prorrogação, até o fim de setembro, do decreto dos restos a pagar referentes ao Orçamento de 2009. A possibilidade de não prorrogar esse prazo causava um mal-estar na base aliada e a ameaça de paralisar as votações na Câmara e no Senado. O senhor acredita que esse era o principal entrave nas relações entre o Congresso e o Executivo?

Mendes Ribeiro Filho - Isso é passado, é preciso olhar para frente. Cada dia com a sua agonia. Se a gente pensa na dificuldade não sai dela. Isso já passou. Agora é preciso pensar no desarmamento de espírito e na capacidade que eu preciso ter de ouvir, de ter paciência e humildade e de construir o clima necessário para o País poder continuar se desenvolvendo. É preciso construir o bom, e é o que eu espero. Quando começa uma partida de futebol nunca se pode pensar que vai perder, senão não vai ganhar. Eu quero ganhar sempre e a gente só ganha quando os outros ganham.

Agência Câmara – Que papel o líder do governo tem a desempenhar para garantir o bom andamento dos trabalhos legislativos? Como foi a conversa com a presidente Dilma? Que orientações ela deu ao senhor?

Mendes Ribeiro Filho - Paciência, a presidente sabe que eu não tenho muita paciência, então ela me pediu para ter, porque há uma obra enorme a fazer. Eu vou conversar com os demais líderes, com os líderes das bancadas estaduais. As coisas começam nos estados, nos municípios; eu comecei como vereador, sei o que as coisas representam nos municípios para o cidadão. Quando o vereador fala, fala a cidade e temos de estar do lado daquilo que pensam as cidades, os estados e a classe política a partir de suas representações.

Agência Câmara - A disputa pelo cargo de líder expôs, mais uma vez, as fissuras na relação entre o PT e o PMDB, e entre o PMDB da Câmara e o do Senado. Essa briga por espaço não prejudica as votações no Congresso e, no fim das contas, o próprio Executivo nas matérias doe seu interesse? Como o senhor espera administrar isso?

Mendes Ribeiro Filho - Quem não briga por espaço? Até os filhos brigam por espaço entre pai e mãe. Disputar espaço é próprio do ser humano, mas isso não pode prejudicar o clima que temos de buscar para as coisas poderem acontecer. Essa vai ser a minha grande missão. Vou administrar isso tendo toda a paciência e humildade possível de querer aprender com todo o mundo e vou trabalhar muito. Mas não podem querer de mim mais do que isso: ouvir, ter humildade e trabalhar.

Agência Câmara - Nos próximos dias, o Congresso deverá se reunir para votar o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2012. O parecer do relator, deputado Márcio Reinaldo Moreira (PP-MG), prevê que as emendas individuais poderão ficar livres de contingenciamento. Além disso, terão prioridade na execução, como já acontece com os projetos do PAC. Como o governo vê essa novidade na LDO?

Mendes Ribeiro Filho - Eu não posso falar sobre o que eu não vi ainda. Ainda vou conversar com as assessorias de Orçamento do Senado e da Câmara, com os líderes que estão negociando esta matéria, sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido. Vou conversar com o relator e, depois disso, vou ver o que posso não atrapalhar e depois vou ver no que eu posso ajudar.

Agência Câmara - Com relação aos temas que estão na pauta de discussão, como a Emenda 29 e a PEC 300 [sobre o piso salarial dos policiais], qual a sua posição?

Mendes Ribeiro Filho - Eu sou muito mais da prática do que do discurso. Antes de aprovarmos as ideias, temos de ver se elas vão produzir os resultados desejados. Tenho as minhas dúvidas de que a Emenda 29 poderá produzir os efeitos que nós queremos. Mas o importante é que possamos aprová-la, que haja maioria na Câmara. Não podemos colocar em votação alguma coisa que possa vir a ser rejeitada.

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