Por Tiago Monteiro Tavres:
O ano que vem promete ser de muitos debates relevantes para a sociedade brasileira. A pauta do Executivo contempla da volta da CPMF a aprovação do controle dos meios de comunicação, já a do Legislativo, que acaba se ajustando a do Executivo, passa também pela aprovação da emenda constitucional 29, que aumenta repasses da saúde. Somado a esses pontos, temos ainda o Programa Nacional dos Direitos Humanos 3 e contexto internacional da desvalorização do dólar e, concomitantemente, a valorização do real.
Certamente cautela e muito trabalho são atributos essenciais para o sucesso do Governo. O cenário relativamente favorável de maioria no Congresso não garante o pleno desenvolvimento das propostas do Executivo, haja visto a relevância dos temas a serem discutidos.
Para o momento, o assunto que desperta mais atenção são as articulações entorno da volta da CPMF, contribuição que era provisória e atendia a demandas de custeio do sistema de saúde, previdência e erradicação da pobreza. Em 2007, a tal “contribuição provisória” foi extinta pelo Senado Federal, graças ao empenho da oposição, que até dezembro detém maioria na Casa, representando a maior derrota do Governo Lula, favorável a prorrogação da CPMF em 2007 e, agora, novamente favorável a volta do imposto no governo de Dilma Rousseff.
O Governo Federal alega que os recursos destinados a saúde não serão suficientes para atender a demanda existente, muito menos para financiar a melhora do sistema de saúde. Assim, prega o aumento da carga tributária, que já é a maior do mundo, para que a calamitosa e antiga demanda da sociedade possa ser atendida. Alguns questionamentos devem ser feitos, principalmente por parte da sociedade. A arrecadação será mesmo destinada à saúde? Será um imposto definitivo ou uma contribuição provisória? Por que aumentar impostos sendo que para o desenvolvimento carecemos de redução da carga tributária? Essas indagações serão fundamentais para que o debate seja sério,a sociedade seja ouvida e sua demanda seja atendida.
Outro problema que deve ser levantado é o planejamento e direcionamento das ações e prioridades do Governo Federal. O mesmo alega falta de recursos para a saúde, mas acaba de divulgar a mais recente investida: a licitação para as obras do Trem Bala que fará a ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro, passando por Campinas-SP. A obra contará com financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vai aportar o montante de R$ 19,977 bilhões no financiamento do Trem de Alta Velocidade (TAV). O valor será atualizado pelo IPCA e limitado a 80% de itens financiáveis pelo banco de fomento ou 60,3% do investimento total, o que for menor. Os juros? Confortavelmente atrelados a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), atualmente em 6% ao ano, mais uma taxa de risco de crédito de 1% ao ano para o consórcio vencedor da licitação. O prazo de pagamento será de 30 anos, com seis meses de carência após a data prevista para o início da operação comercial.
E o povo brasileiro paga quanto? Além de custear mais de 60% da obra, paga juros de 10% (ao mês) no cheque especial e 14% (ao mês) no cartão de crédito. O questionamento essencial: há incentivo maior a desigualdade?
Infelizmente continuamos a ser governados por governos corruptos e populistas, que atingem popularidades de 80% e, a partir de então, vendem inverdades para a sociedade, se dizem donos do avanço social e defensores do interesse público, mas na realidade são grandes promotores da desigualdade social.
Melhor seria fazer um trem bola, ou como diria meu ex cliente ministro Mário Henrique Simonsen, pagar as bolas e não fazer a obra, ficava mais barato, rs rs rs
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