terça-feira, 12 de abril de 2011

Política, um negócio de família!!!

Por Edson Sardinha e Renata Camargo, do Site Congresso em Foco:

Tradição familiar não é sinônimo de sucesso na política. Mas é quase isso, a julgar pela atual composição da Câmara dos Deputados. Um em cada dois deputados da atual legislatura tem laços de parentesco com outras figuras da vida pública brasileira. Dos 564 deputados que assumiram mandato este ano, entre titulares, suplentes e licenciados, 271 (48%) são parentes de políticos. São filhos, netos, pais, irmãos, sobrinhos, tios, primos, cônjuges ou ex-cônjuges de quem tem ou já teve mandato, exerceu algum cargo de nomeação política ou participou de eleição.

Onze dos 22 partidos com assento na Câmara têm ao menos metade de sua representação formada por deputados com familiares políticos. O quadro é de amplo predomínio em algumas das principais legendas do país, como o PMDB, o DEM e o PP, campeões no número de parlamentares com parentes na política entre as cinco maiores bancadas da Casa. Os dados fazem parte de levantamento exclusivo feito pelo Congresso em Foco sobre as relações de parentesco entre os parlamentares no Legislativo federal.

O elevado número de parlamentares com parentes na política revela o quanto o poder se concentra, cada vez mais, nas mãos de poucas famílias e o quanto o país, apesar do crescimento econômico, ainda precisa avançar na consolidação da democracia. A avaliação é feita por dois cientistas políticos e um historiador ouvidos pelo Congresso em Foco. Os três professores afirmam ver com preocupação o fato de 328 dos 649 congressistas brasileiros combinarem laços políticos e familiares.

Segundo eles, esse controle pode ser mais visível no Legislativo, mas também se reproduz no Executivo, no Judiciário e até no Ministério Público.

Para o cientista político Ricardo Costa de Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o poderio das famílias políticas é crescente, impede a circulação de poder, favorece grupos que combinam poder político e econômico e está associado ao encarecimento das campanhas e ao controle dos partidos por núcleos familiares.

“Há uma oligarquização da política. A política cada vez mais passa a ser um negócio de família no Brasil. Passa, muitas vezes, de pai para filho. As eleições estão cada vez mais caras, você tem de ter como condições de elegibilidade estrutura de dinheiro e estrutura familiar política. Isso é um fenômeno também de reprodução do poder político”, considera.

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